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HOW TO DEAL WITH SHIPPING LINES
Opinion piece published in Angolan newspaper 'Expansão'.
Já são muitos os importadores angolanos que necessitam de transporte marítimo para centenas ou milhares de contentores, negociando com os transitários, ou directamente com as linhas marítimas, condições para o serviço de transporte. Mas será que o fazem da melhor maneira?

Angola é considerado um bom mercado pelos sete operadores de linhas marítimas regulares (Nile Dutch, Maersk, CMA-CGM, MSC, Grimaldi, MOL e Lin Lines), cujos navios escalam Luanda e com menor frequência o Lobito, Cabinda, Namibe e Soyo. Mas é também um mercado difícil, devido às dificuldades operacionais que impedem a utilização de navios com mais capacidade e sem gruas, com menor custo por contentor transportado.

Entre os sete operadores com presença em Angola, três são empresas com capacidade global, multinacionais como a Microsoft ou a Apple, cujos padrões de serviço ditam muito do que se passa no mercado.

Como pode um importador controlar os custos com o transporte marítimo? Conhecer bem o operador de transporte com quem se negoceia é a primeira regra. Saber como funcionam e a forma como gerem os serviços, que operações de transhipment praticam, que disponibilidades de equipamento têm, que terminais portuários utilizam, entre outros.

Alguns podem perguntar se no limite não é o preço que interessa. Há histórias de empresas que reduziram despesas com fretes em milhares de dólares porque mudaram de operador. No entanto muitas dessas histórias não contam que passaram a receber os contentores com semanas de atraso. Na realidade, o transit-time do novo fornecedor era muito superior, isto é, o tempo decorrido entre o contentor ser entregue no terminal portuário de origem e o momento em que chegava a Luanda.

Contentores com brinquedos para a campanha de Natal chegaram em meados de Janeiro...

Assim a segunda regra é: se entra nas negociações a exigir apenas o melhor preço pode até encontrar resposta positiva. Mas com uma taxa de frete mais baixa pode ficar a perder muito dinheiro.

Terceira regra: faça o trabalho de casa. Analise as facturas que recebeu, traga conhecimentos de embarque (bill of lading) e estatísticas que demonstrem que o serviço está aquém da promessa. Traga fotografias de contentores com avarias e provas de situações irregulares. Leve consigo o Director Financeiro para explicar porque não percebe a complexidade das facturas.

Se tem experiência em negócios que envolvem importação por contentor conhece termos como: terminal handling charge, bunker surcharge, bunker adjustment factor, currency adjustment factor, congestion surcharge, inflation adjustement factor, low water surcharge, demurrage, detention, documentation fee, manifest corrector fee, b/l reprint fee, entre outros. Mas sabe mesmo a que correspondem estas sobretaxas? Talvez não, mas pela sua experiência sabe que a factura do operador varia com frequência, ou em resultado dos GRI (General Rate Increase – um aumento geral de todas as taxas de frete), ou por alterações nos adicionais, ou por inúmeros outros motivos.

Estudos demonstram que entre 5% e 10% das facturas emitidas pelos operadores têm erros que originam perdas para os carregadores. Mas uma boa parte dessas perdas é recuperável. Por isso, a quarta regra é: analisar cuidadosamente as facturas e documentação que recebe dos operadores de linhas e dos transitários.

Por último saiba que o mercado de transporte marítimo é muito volátil, com um elevado grau de incerteza sobre os preços ao longo do ano. Mas existe sazonalidade. Por exemplo em Outubro e Novembro, quando as importações para a campanha de Natal são elevadas os fretes são mais altos. Pelo que a quinta regra é: os meses de pico de tráfego não são bons para importar mercadorias de baixo valor.

Se este tema o preocupa não receie em recorrer a profissionais que o ajudem a analisar, negociar e decidir sobre a contratação de serviços de transporte marítimo. Mas escolha alguém a quem possa remunerar em função dos resultados para a sua empresa.

Artigo publicado na edição de dia 17 de Janeiro de 2014 do Jornal angolano Expansão