Se a sua empresa é um distribuidor ou produtor industrial, já terá pensado em construir um ou mais centros de distribuição (CD) em Angola.
Para cumprir o nível de serviço acordado com os clientes (produto certo, no local certo, no tempo certo) necessita de pontos de stock que regulem a cadeia de abastecimento, aproximando as mercadorias dos clientes. Num primeiro instante é necessário analisar/quantificar os fluxos de mercadoria de forma a definir o número de CDs a implementar. Este primeiro passo denomina-se desenho do modelo logístico e responde a duas grandes questões: “Quantos CDs devo ter?” e “Onde devem estar localizados?”

Talvez algumas reflexões não tenham ido tão longe. Mas de certeza que já identificou a necessidade de armazenar as mercadorias de forma eficaz e não em contentores ou naqueles terrenos que o seu parceiro local dispõe nos arredores de Luanda ou do Lobito.

Mas será este armazém, cujo objectivo é a procura de melhores condições de armazenamento, um centro de distribuição? Não. A finalidade de um CD não é apenas armazenar mercadorias, mas sim ser um dos elos mais relevantes da cadeia de abastecimento, fazendo o equilíbrio entre processos de venda (procura) e de compra (oferta). Nesse sentido, não basta considerar um local onde se deposita mercadoria à espera de ser transferida, porque esta filosofia levará a excesso de stock e a custos consideráveis.

Para além de estar devidamente localizado, um CD deve estar dotado de processos logísticos eficientes (descarga, conferência, recepção, arrumação, picking e expedição) para que os custos operacionais sejam os mais reduzidos possíveis.

Recomenda-se uma reflexão orientada para os clientes: se o objectivo é melhorar os níveis de serviço e disponibilizar a mercadoria na quantidade, momento e local pretendido pelo cliente, então, a sua empresa deve ser ágil e flexível sendo, na maioria dos casos, fundamental a instalação de um CD adequado.

Aumentando o nível de serviço ao cliente, através da optimização da cadeia logística, aumentará a competitividade da sua empresa e, por consequência, a quota de mercado.

A pergunta que se impõe então é: como implementar um centro de distribuição?

O segundo passo do processo consiste na concepção do sistema logístico para o CD. Tudo começa pelo desenho dos processos logísticos, ou seja, o que fazer e como fazer, quantificando as necessidades: área, recursos humanos e recursos técnicos (equipamentos de movimentação e sistemas de armazenagem). Em suma, a concepção do sistema logístico considera o desenho e definição de quatro vectores base:

Processos logísticos de execução (armazenagem e distribuição).
Infra-estruturas e recursos técnicos (equipamentos de movimentação e sistemas de armazenagem).
Estrutura organizacional logística (recursos humanos) e formação.
Sistemas de informação, necessários para optimizar todos os processos.

Estes vectores só funcionam se desenhados e implementados de forma integrada e são a base do sucesso operacional do seu CD, permitindo que o payback seja o mais curto possível.

Já existem, ou estão em construção, em Luanda, Lobito, Malange, Huambo e Lubango, infra-estruturas passíveis de ser arrendadas para implantação de centros de distribuição. No entanto não existe uma oferta de serviços que evite os investimentos iniciais em sistemas de armazenagem (estanteria), equipamentos de movimentação (empilhadores), sistemas de informação de suporte à actividade logística (WMS), formação e treino de pessoal especializado.

Neste contexto, a tendência tem sido a implementação de “logística de conta própria”, recorrendo à construção de infra-estruturas, suportados em recursos humanos e sistemas de informação não nacionais.

Nos próximos anos, num contexto de investimentos na área comercial e industrial, esperamos assistir à instalação de operadores logísticos (logistics service providers) e ao nascimento de uma oferta nacional de serviços logísticos, que permita a subcontratação de parte da sua logística (armazenagem ou transporte/distribuição).

Artigo publicado na edição de dia 7 de Março de 2014 do Jornal angolano Expansão